Maria da Luz Gomes da Silva, conhecida como dona Maria dos Jarros. Ceramista artesã Maria é mãe de seis filhos. A mais velha, à época, com 20 anos e a mais nova com seis. Para fazer os vasos de cerâmica, conhecidos na região como jarros, ela se levantava às 5 horas da manhã para preparar a argila com que modelava os artefatos produzidos. Sua jornada de trabalho durava entre 12 e 16 horas. Muitas vezes trabalhava sob a luz de lamparina. Com a ajuda de uma das filhas preparava entre seis e oito vasos por dia.
Ela tentava aumentar sua produtividade, mas não era possível por não inovar em seus processos de produção como a secarem ao sol e a queima tradicional diretamente no fogo. Segundo ela ocorriam muitas trincaduras nos artefatos.
Maria realizava grande parte do trabalho para subsistência da família, mas sua opinião não contava. O marido tomava todas as decisões como, por exemplo, se suas filhas deviam ou não continuar a estudar e como, quando, onde e quanto tempo elas podiam receber visita de seus namorados. Essa era permitida uma vez por semana, aos domingos à tarde, sob a vigilância dos pais ou de algum irmão menor, isso apesar de algumas delas já serem maior de idade.
Toda semana dona Maria ia à feira para comercializar os artefatos, acompanhada por um de seus filhos e pelo marido. A viagem durava aproximadamente 4 horas, o trajeto era percorrido a pé, a mercadoria era transportada no lombo de burros. Eles saíam de madrugada para chegarem à cidade por volta das 6 horas da manhã. A única iluminação no caminho era o luar e a chama de uma lamparina.
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